sábado, 29 de agosto de 2009

Adam & Eve - Capítulo 4


Alex se apressou em apresentar os amigos:

– Adam, esta é minha namorada Helena e esta é...

– Já nos conhecemos – disseram os três se olhando.

– Sério? Mas como? – Disse Alex confuso.

– Ele estudou na nossa escola no ano passado. Ele é o cara que a Eve nunca te contou – disse Helena ainda olhando pasma para Adam.

– Helena! – Disse Eve com censura na voz.

– Desculpe – disse Helena olhando para a amiga.

Adam não conseguia parar de olhar para Eve, era como se ele tivesse conseguido uma segunda chance. Ele percebeu que ela estava se sentindo constrangida e parou de olhá-la. Disse uma coisa para quebrar o silêncio constrangedorque se iniciou:

– O que vocês acham de irmos tomar sorvete?

– É uma ótima ideia. Vamos? – Disse Alex olhando para as meninas.

– Vamos – responderam elas sem opção.

Eles foram andando até a sorveteria. No caminho, enquanto Alex conversava com Adam, Helena tentava convencer Eve a conversar com Adam, mas ela estava com muita raiva para fazer isso. Quando chegaram lá Alex e Helena perguntaram quais os sabores que Adam e Eve queriam e pediram para eles escolherem uma mesa enquanto eles pegavam os sorvetes.

Adam e Eve sentaram um de frente para o outro. Ficaram em silêncio, Eve evitava olhar Adam, ela não queria que o silêncio ficasse mais constrangedor do que já estava. Adam não sabia o que dizer, ele queria dizer que a amava também, mas sabia que ela estava com raiva por ele ter desaparecido. Então, tomou coragem e começou a falar:

– Eve, eu... sei que desapareci da sua vida por esses meses logo quando estávamos ficando amigos, mas eu tenho uma explicação para tudo isso.

Ela olhou para ele como quem dissesse “continue”.

– Primeiro, eu fui ao baile com Stacy como você sugeriu. Entrei para a faculdade e fiquei um pouco ocupado. Depois das férias de verão eu terminei com Stacy. Claro que ela não aceitou bem, ela me procura até hoje, mas apesar de ela não ter aceitado, para mim acabou tudo. Porque eu percebi uma coisa que eu gostaria que você soubesse – ele fez uma pausa e pegou uma das mãos dela que estavam sobre a mesa. – Eve, eu...

– Aqui estão. O seu Eve, de chocolate com baunilha, e o seu Adam, de limão. – Disse Alex com os sorvetes nas mãos.

Helena se sentou ao lado de Eve e Alex ao lado de Adam.

– Então, sobre o que vocês estavam conversando? – Perguntou Helena.

– Adam estava me contando como foram os últimos meses dele. – Disse Eve olhando para Adam como se esperasse uma afirmação, com os olhos finos.

– Vocês já falaram sobre as aulas de piano? – Perguntou Alex.

– Não, não lembramos disso. – Disse Adam percebendo que o assunto anterior havia morrido.

– Qual o melhor dia para você? – Perguntou Eve a Adam, como se não estivesse com raiva.

– Ah... sábado, pode ser? – Disse Adam um pouco atrapalhado.

– Para mim está ótimo, contanto que não passe das 18 horas. – Disse Eve antes de comer o biscoitinho que estava no sorvete.

– Então, sábado às 15 horas? – Perguntou Adam.

– Combinado. – Respondeu Ela.

Helena estava assustada com a reação de Eve, ela não estava escondendo a raiva muito bem, talvez de propósito. Ela temia que a amiga explodisse a qualquer momento. Eles terminaram os sorvetes sem trocar uma palavra, exceto as trocas de carinhos entre Helena e Alex.

Quando se despediram, Alex levou Helena para casa e Adam se ofereceu para ir junto com Eve. Ela aceitou, não havia como recusar, a casa dele ficava a caminho da dela. Ela não quis falar nada no caminho, ainda tinha um pouco de raiva, mesmo depois de ele ter explicado. Adam queria exterminar a raiva de Eve, então ele tentou quebrar o gelo:

– Você não quer que eu te acompanhe até a sua casa? Não tem problema, eu volto algumas quadras depois.

– Não, é melhor não. É melhor não correr o risco do meu padrasto saber que estou andando com algum cara. – Disse Eve gentilmente, com uma tristeza na voz.

– Por quê? – Perguntou ele.

– Porque ele não quer que aconteça comigo o mesmo que aconteceu com a minha mãe. É uma longa história, fica para outro dia – disse ela com a cabeça baixa.

– Então, não esqueça: sábado às 15 horas.

– Está bem, tchau – disse Eve com um sorriso.

– Tchau.

Eles já haviam chegado à porta da casa de Adam. Ela foi andando. Assim que chegou em casa Eve foi logo fazer o jantar. Comeu mesmo sem Joseph ter chegado ainda. Depois que terminou de lavar a louça Joseph chegou e perguntou:

– Por que não me esperou?

– Porque eu estava com fome, não comi a tarde inteira – mentiu Eve.

– Ah, tudo bem. – Respondeu ele feliz, certo de que Eve havia ficado a tarde inteira em casa depois da escola.

Depois de secar as mãos, ela subiu e foi escrever no diário. Ela escreveu detalhadamente o que aconteceu. Deu ênfase na parte em que dizia o quão difícil era evitar olhar os lindos olhos azuis de Adam. Quando chegou na parte em que diria a raiva que sentia, ela pensou um pouco e escreveu que apesar de ter ainda um pouco de raiva, ela entendia o lado de Adam, escreveu que ele deve ter ficado ocupado com a faculdade e com a Stacy pegando no pé dele e escreveu sobre o final da conversa deles:

(...) Eu lembro que ele não terminou uma frase, Alex e Helena haviam chegado com os sorvetes, mas não deve ser nada importante, se não ele teria falado na volta para casa.

Quando terminou de escrever, ela fechou o diário e desceu. Abriu a geladeira e pegou uma maçã. Subiu e pegou as coisas da escola para ver se havia algum trabalho para fazer enquanto comia a maçã.

Enquanto isso, Adam estava guardando os livros na mochila e pensou em Eve. Estava se culpando por não ser rápido o bastante para contá-la que a amava. Depois de um tempo se lembrou das aulas de piano. Ficou decidido a falar isso quando ela viesse a sua casa no sábado. Ele ainda tinha a esperança de que ela não tivesse desistido dele.

No dia seguinte, Eve não queria falar com Helena por ela praticamente ter obrigado a amiga a conversar com Adam. Mas Helena percebeu isso e tentou conversar com ela na hora do almoço. Eve estava sentada sozinha numa mesa no meio do refeitório e Helena chamou Alex para se sentarem lá com ela. Ela tentou conversar:

– Eve não fica assim. Você sabia que uma hora ou outra isso aconteceria. Vocês tinham que conversar de qualquer maneira.

– Mas você sabia que eu não queria. Sabia que eu estava com raiva.

– Eu sei, mas por isso mesmo vocês precisavam falar a sós. Eu espero que essa conversa tenha servido para alguma coisa.

– Serviu. Ele explicou o que aconteceu no tempo em que não nos vimos e eu estou com menos raiva dele. – Disse Eve tentando esconder a felicidade.

– Que bom! – Disse Helena sorrindo.

– Então, ele só explicou o que aconteceram nos últimos meses? – Perguntou Alex.

– Sim, por quê? – Disse Eve.

– Nada não.

– Então, você escreveu alguma coisa nova no diário? – Perguntou Helena com um olhar meigo.

– Escrevi. Eu sabia que isso iria acontecer. Aqui está. – Disse Eve sorrindo e dando o diário para Helena. – Bom, já que nós já fizemos as pazes, eu vou ao banheiro tentar tirar esse molho que caiu na minha blusa.

Helena se assegurou de que Eve já havia saído do refeitório para perguntar a Alex:

– A mim você não engana. O que mais você sabe?

– Do que você está falando, amor? – Disse Alex fingindo não saber sobre o que estavam falando.

– Alex, eu percebi perfeitamente que Adam te disse alguma coisa que não disse à Eve. Então, conta o que foi.

– Está bem, mas você tem que jurar que não vai contar a ela, porque se ele não contou talvez ela não deva saber.

– Conta logo.

– Lembra que eu disse que o Adam também está apaixonado por uma pessoa que ele não conseguia falar?

– Lembro.

– Então, é a Eve.

– Sério? – Disse ela boquiaberta. – Mas nós temos que contar a ela! Se os dois se amam eles tem que ficar juntos.

– Helena, se ele não contou deve haver algum motivo. Por isso nós não podemos contar a ela, entenda.

– Está bem. Mas você tem que falar com Adam para ele falar logo com ela.

– Ok, mas enquanto isso finja que não sabe.

– Ok.

Eve conseguiu tirar molho da blusa, em compensação ela ficou um pouco molhada. Ela voltou ao refeitório e conseguiu terminar o almoço antes que o sinal tocasse. Helena não tocou no assunto que havia conversado com Alex.

O fim de semana chegou e Eve acordou cedo, logo após Joseph sair para o trabalho. Ela aproveitou para limpar a casa logo já que a tarde teria aula de piano. Depois de limpar a casa, tomou banho e fez o almoço não estava com fome, mas não queria sair de casa sem comer. Quando terminou de comer, lavou a louça e subiu para escrever no diário:

Não consigo acreditar que hoje vou ter aula de piano com Adam. No início da semana eu estava morrendo de raiva por ele não ter dado notícias e agora eu estou tão ansiosa por vê-lo. Claro que ainda tenho um pouco de raiva pelo que ele fez, mas depois do que ele disse, eu acho que entendo. Essas coisas de faculdade devem tomar mesmo o tempo das pessoas e também não somos namorados, ele não tem que me dar satisfações. Como eu sou ciumenta (risos), eu apenas gosto do cara e sinto como se ele fosse minha propriedade. Eu sou mesmo uma piada, quando Helena ler isso ela provavelmente vai rir.

Enfim, estou me preparando para ir a casa dele, queria alguma ajuda para escolher a roupa, mas infelizmente diários ainda não falam, nem espelhos. Vou ter de escolher sozinha...

Escolhi a regata preta, a jaqueta e uma calça jeans. É, eu sei que é simples, mas a minha criatividade não está boa hoje. Está quase na hora, vou me vestir.

Ela se vestiu e usou o perfume de frutas vermelhas que havia ganhado de aniversário de Helena. Desceu, trancou a porta e foi andando até a casa de Adam, não era muito longe. Quando tocou a campainha quem atendeu foi Adam. Ela achou estranho, mas sorriu. Ele pediu que ela entrasse, ela o fez e perguntou:

– Seus pais não estão em casa?

– Não, é o aniversário de casamento deles. Eles sairam para comemorar. – Disse Adam acompanhando ela até a sala onde estava o piano.

– Ah, me desculpe. Talvez você pudesse ter ido com eles – disse Eve ficando vermelha.

– Não precisa se desculpar. É coisa de casal, eles fazem isso todo ano e eu aproveito para ter um momento só para mim. – Explicou ele. Ela ficou curiosa em saber o que ele fazia nesse momento sozinho, mas não perguntou, não quis ser inconveniente.

Eles haviam chegado a sala. Eve já tinha estado lá uma vez, mas não havia reparado que a sala era tão bonita. As cortinas nas janelas eram lindas, estavam em perfeita harmonia com o sofá. Acima da lareira havia um relógio em algarismos romanos e um lindo retrato de família. Ela reparou que na mesinha de centro havia um vaso com rosas vermelhas. Contemplou as rosas por alguns segundos e foi interrompida por Adam:

– Meu pai as comprou para minha mãe hoje cedo. Ela quis logo colocar na água para não murcharem – disse ele.

– São lindas – disse ela sorrindo para Adam. Ele sorriu também.

Eles ficaram se olhando durante alguns segundos e Eve se sentiu um pouco constrangida e abaixou a cabeça. Adam percebeu a reação dela e disse:

– Você... não quer tirar a jaqueta? Não está frio aqui dentro.

– Ah, é verdade. Não percebi. – Disse ela um pouco vermelha, tirando a jaqueta e dando para ele.

Adam colocou a jaqueta no braço do sofá e sentiu o cheiro do perfume de Eve. Ele quase se descontrolou nessa hora, mas conseguiu se conter e disse gaguejando:

– O piano. Nós...

– Ah, sim. – Disse ela sentando se rapidamente em frente ao piano.

– Bem, você... gostaria de ouvir alguma música antes de começarmos? – Disse ele gentilmente, se sentando ao lado dela.

– Você conhece uma música chamada River Flows in You? Eu não lembro o nome do...

– Essa música é linda – disse ele interrompendo ela sem querer.

Os dois se olharam e sorriram, então ele começou a tocar. Eve se sentiu nas nuvens ao ouvi-lo tocar a música que ela mais gostava. Ela sentiu que qualquer coisa poderia acontecer depois disso, sentiu que poderia até morrer depois, porque morreria feliz. Eve olhava das mãos para os olhos de Adam. Podia sentir a felicidade pulsando junto com o seu sangue. De repente Adam para de tocar.

– O que foi? – Perguntou ela preocupada.

– Eve... eu... preciso te dizer uma coisa. – Disse ele olhando do piano para os olhos dela. Ele sentia que não podia mais segurar a verdade.

– Diga – disse ela mais curiosa do que preocupada.

– Eu... – ele se aproximou mais dela – amo... – chegou mais perto de sua boca, fechando os olhos, e a beijou.

Começou lentamente e foi se tornando mais intenso. Ele colocou a mão atrás do pescoço dela e se aproximou mais, ela fez o mesmo. O beijo era tão intenso que quase não conseguiam respirar, até que foram interrompidos subitamente por um grito:

– Adam! – Gritou Stacy.

sábado, 8 de agosto de 2009

Adam & Eve - Capítulo 3


Na hora do intervalo, as meninas foram conversando até os armários:

Ai, aula de química toda segunda-feira é um saco! – Disse Eve olhando para cima.

Espero que no ano que vem as segundas-feiras não tenham nem química nem educação física. Poxa, segunda-feira é o pior dia da semana. Eles tinham que piorar ainda mais colocando essas matérias justo nesse dia? – Disse Helena com uma cara emburrada.

Na verdade, eu odeio qualquer coisa relacionada à escola. Eu sou anti-social, eu deveria estudar em casa. Mas eu só aturo a escola mesmo, porque eu odiaria ter que estudar em casa com Joseph lá.

Ah, vamos esquecer esse assunto. Você nem me contou o que aconteceu depois que chegou em casa. – Lembrou Helena.

O que você acha? – Disse Eve levantando a manga do moletom para que a amiga visse os hematomas.

Oh! De novo? Eve você tem que denunciá-lo a polícia. – Disse Helena enraivecida.

Não, isso só pioraria as coisas. Se eu o denunciasse ele provavelmente só teria de cumprir alguns meses de trabalhos sociais ou ficaria preso durante um tempo e quando saísse ele me mataria.

É, talvez você tenha razão. A polícia daqui não é muito competente nessa área. – Disse Helena e Eve balançou a cabeça em afirmação. – Acho melhor nós voltarmos para o assunto da escola.

Para mim ele já acabou. O que você tem a dizer? – Disse Eve encostada no armário olhando para a amiga.

Eu sei de uma matéria que você iria adorar e não faltaria nenhuma aula. – Disse Helena com um sorriso malicioso.

Qual? – Perguntou Eve sem a menor vontade.

Adamlogia – respondeu Helena rindo. – Ah, vai dizer que não é verdade?

É. Só você para inventar isso. – Disse Eve rindo e guardando um livro no armário.

Acho melhor você se preparar para sua primeira aula de Adamlogia.

Por que Helena? Do que você está falando? – Perguntou Eve sorrindo, achando que era outra brincadeira da amiga.

Oi Eve, de novo. – Falou Adam atrás de Eve.

Eve se virou meio sem jeito, cumprimentou Adam e apresentou Helena.

Então, sobre o que vocês estavam conversando? – Perguntou ele.

As duas se olharam e Eve respondeu:

Nós estávamos comentando o quanto é bom esta semana ser a última do ano letivo.

Eu concordo, também não gosto muito da escola. – Disse ele com um sorriso malicioso.

Ah, eu acho que esqueci alguma coisa lá na sala, eu vou buscar – disse Helena tentando escapar já que a conversa entre Adam e Eve estava fluindo. – A gente se encontra na educação física.

Bem, podemos ir andando? – Perguntou Adam mostrando o corredor vazio. A maioria dos alunos já estava na parte de trás da escola, perto da cantina.

Claro – respondeu ela.

Então, onde paramos a nossa conversa?

Você estava contando sobre a sua briga com a Stacy, você disse que ela só falava sobre o baile. A propósito, você não deveria estar com ela agora?

Não, ela faltou hoje. Falando no baile, com quem você vai?

Ah, eu não vou.

Por que não? – Ele disse com certa tristeza na voz.

Eu não sei se você percebeu, mas eu sou um pouco anti-social – disse ela rindo.

Ah, não diga isso. Se você fosse anti-social não teria uma amiga e eu – disse ele rindo também.

Eve ficou tentando imaginar o porquê de ele ter dito isso ao invés de dizer dois amigos. Ela parou de andar e conseqüentemente ele também.

O que houve? – Perguntou ele.

Adam, posso te fazer uma pergunta?

Claro.

Por que esse súbito interesse em mim?

Não posso fazer novos amigos?

Pode, claro. Mas você não acha meio estranho começar a se aproximar de mim logo depois de eu contar que amo você?

Bem, a primeira vez que eu tive uma conversa com você foi nesse dia, uma conversa de verdade, porque naquele dia em que nós pegamos a mesma maçã, não foi exatamente uma conversa.

Desculpe, é difícil para mim acreditar que você está se aproximando com boas intenções. Sabe, você anda com Kevin e Lewis e você sabe como eles são. Eu não quis te ofender. – Disse ela abaixando a cabeça.

Não ofendeu, não. Eu entendo você, – ele levantou o rosto dela – não é fácil ter uma boa reputação andando com eles, eu sempre os reprimo quando fazem algo errado, mas eles são legais. Mas eu quero que você saiba que eu nunca faria nada que fizesse você sofrer. Você é a única pessoa que eu consigo conversar abertamente. – Ele disse isso olhando os olhos dela fixamente. Ele percebeu que havia alguma coisa especial nos olhos dela e virou o rosto para o lado. – Posso fazer uma pergunta também?

Sim, diga.

Quando você começou a gostar de mim?

Bem, eu te vi no primeiro dia de aula e achei você bonito. Depois descobri o seu nome, ouvi um dos seus amigos te chamando. E uma vez eu estava ajudando a professora de Inglês a separar os trabalhos da minha turma dos da sua, ela tinha misturado tudo, – ela deu um sorriso – aí eu encontrei a sua redação sobre o dia dos namorados e achei linda e perfeita. Você escreveu coisas que eu também escreveria. Eu li a sua redação várias vezes antes de entregá-la a professora. Daí em diante eu passei a observar você nos intervalos, na cantina e percebi que sentia alguma coisa por você e não demorou muito para eu descobrir o que era.

Eve se surpreendeu ao perceber que estava falando sobre seus sentimentos abertamente com Adam. Ela nunca imaginou que isso aconteceria. Adam ficou olhando do chão para os olhos de Eve, enquanto ela falava. Eles ficaram alguns segundos em silêncio e de repente foram surpreendidos novamente pelo sinal tocando.

Eu preciso ir, é educação física agora – disse Eve. – Sou péssima nessa matéria e não quero chegar atrasada.

Tudo bem, eu vou para minha aula também.

Eles se despediram e foram para suas respectivas aulas. Adam ficou pensando no que Eve lhe disse e continuou pensando quando chegou em casa.

Adam falou mais algumas vezes com Eve durante a semana. O dia do baile chegou e ele seguiu o conselho dela, foi ao baile com Stacy. Ela foi a rainha do baile junto com Adam. Ele se sentiu um pouco estranho e confuso. Eve já havia dito a Adam que não iria, mas mesmo assim ele teve esperança de que ela aparecesse.

As férias de verão passaram, Eve ingressou no segundo ano e Adam terminou tudo com Stacy. Ele percebeu que estava apaixonado e sentia falta de Eve. Ele pensou em procurá-la, mas estava muito ocupado com a faculdade. Mas Stacy não aceitou o fim do namoro e disse para Adam que não tinha acabado.

Estavam no inverno quando um aluno novo entrou na escola, o seu nome era Alex. Ele era um moreno bonito, inteligente e carismático, que em menos de uma semana já havia conquistado o coração de Helena e não demorou muito para eles começarem a namorar. Rapidamente ele se tornou amigo de Eve. Os três passaram a sempre estudar juntos para as provas. Eve estava feliz com o romance da amiga, mas se sentia um pouco excluída, a final Alex e Helena eram um casal. Alex era um amigo virtual de Adam, mas Eve e Helena não sabiam ainda.

Apesar da companhia divertida dos amigos, Eve sentia saudade de Adam e ficou triste por ele não ter dado notícias durante esse semestre. Ela pensava “poxa, nós estávamos ficando amigos e ele desaparece, não dá nenhuma notícia?”. E para piorar Joseph havia perdido o emprego no hospital, chegou em casa bêbado e bateu em Eve. Felizmente ele logo passou a trabalhar como faxineiro em um prédio no centro da cidade, ele odiava esse emprego, mas pelo menos não ganhava mal. Depois que Joseph conseguiu esse emprego passou a chegar mais tarde em casa e Eve podia passar mais um tempo junto dos amigos.

Já estavam entrando na primavera quando os três amigos estavam conversando na cantina e Alex disse que tinha um amigo virtual que morava na cidade:

Nossa, que legal. Então, qualquer dia desses nós podemos ir visitá-lo – disse Helena.

É, claro, quando não estivermos tão atolados de trabalhos para fazer, ultimamente os professores não tem dado nenhuma folga para nós – lembrou Alex. – E ele também está um pouco ocupado com a faculdade, mas disse para eu visitá-lo assim que puder.

Mas será que ele não vai se incomodar comigo e com a Helena? – Perguntou Eve.

Não, acho que não. Ele é legal, mas eu pergunto antes de nós irmos, só para ter certeza – disse Alex. – Ah! Lembrei de uma coisa Eve, ele sabe tocar piano. Se você quiser eu posso pedir para ele te ensinar.

Ah, eu não sei. Você disse que ele anda um pouco ocupado com a faculdade e eu não quero incomodar. – Disse Eve com medo de ser inconveniente.

Ah, que nada. Ele vai adorar você! Vocês tem muita coisa em comum. – Disse Alex sorrindo. – E ele também está apaixonado por uma garota com quem ele não consegue falar.

Eve sorriu envergonhada. Ela nunca imaginou que existisse alguém no planeta que tivesse coisas em comum com ela, mas ficou feliz em saber disso. Ela não queria incomodar, mas ficaria muito feliz em aprender a tocar piano.

E qual é o nome dela? – Perguntou Helena vendo que Eve estava vermelha.

Ele não disse, assim como a Eve – disse Alex com um olhar de desaprovação.

Ah, Alex você sabe que a Eve não quer tocar nesse assunto – disse Helena defendendo a amiga.

Deixa Helena, um dia eu te conto isso Alex e você saberá porque eu não contei antes – disse Eve olhando para baixo.

O sinal tocou e eles tiveram de voltar para a aula. Depois que a aula terminou, os amigos foram para suas casas. Assim que chegou em casa Eve foi direto tomar banho, depois foi escrever no diário:

Eu sei que já estou escrevendo isso há meses, mas realmente não consigo entender porque Adam não deu notícias esse tempo todo. Nós estávamos ficando amigos, estávamos indo tão bem... Será que ele decidiu não terminar com a Stacy? Acho que ele só estava ficando meu amigo por pena mesmo. (...)

Depois que Eve terminou de escrever foi fazer o jantar. Ela não queria brigar com Joseph por atrasar o jantar.

Enquanto isso Alex conversava com Adam pela internet:

Oi Adam, tudo bem?

Oi Alex, tudo e você?

Estou bem. Novidades?

Amanhã eu estarei livre, você pode passar aqui em casa se quiser.

Nossa, que ótimo! Eu estava hoje conversando sobre isso com a minha namorada e uma amiga. A propósito, eu posso levá-las comigo? Assim você as conhece logo.

Ah, claro. É sempre bom fazer novos amigos.

Que bom! Adam, posso te pedir um favor? Na verdade não é para mim é para a minha amiga.

Pode.

Você poderia ensiná-la a tocar piano? Ela gosta muito e sempre quis aprender.

Bom, eu tenho que ver o meu tempo livre, mas acho que vai dar sim.

Que ótimo! Ela vai adorar saber isso.

Amanhã eu converso com ela sobre isso, mas agora eu tenho que sair, minha mãe está me chamando para jantar.

Tudo bem, amanhã a gente se fala. Tchau.

Tchau.

Depois do jantar, Adam praticou um pouco no piano. Fazia tempo que ele não tocava, aproveitou para afinar o piano também. Quando foi dormir, ficou pensando em Eve. Pensou em passar na escola antes da visita de Alex, mas pensou na possibilidade de ela ter mudado de escola. Enquanto estava pensando caiu no sono e sonhou com Eve de vermelho e com uma maquiagem muito bonita. Sonhou que estava beijando ela e quase chegaram a algo mais, mas ele acordou no meio da noite antes que acontecesse.

No dia seguinte Eve, Helena e Alex foram para a escola. Na hora do almoço, Alex contou que poderiam visitar seu amigo hoje. Elas ficaram contentes em finalmente poder conhecer o amigo de Alex, apesar de ele nunca ter citado o seu nome. Eve ficou mais contente ainda quando soube que ele lhe ensinaria a tocar piano.

Quando saíram da escola, os três seguiram o endereço que Alex havia anotado. Tiveram uma pequena conversa no caminho:

Nossa, ele mora no caminho para minha casa. – Disse Eve.

Esse mundo é realmente pequeno. – Disse Alex sorrindo.

Helena e Eve sorriram também. Quando chegaram lá tocaram a campainha e quem atendeu foi o pai de Adam:

Oi, você deve ser o Alex, pode entrar.

Depois que eles entraram, o pai de Adam os levou até a sala de estar. Antes de chegarem ao cômodo já dava para ouvir o piano sendo tocado. Ao chegarem lá, Eve e Helena ouviram Alex dizer “Adam!”. Elas acharam estranho, mas quando Adam se virou para cumprimentar Alex elas não acreditaram.

Depois de cumprimentar o amigo, Adam viu Eve e não conseguiu acreditar. Quando os dois se olharam, esqueceram como se respirava. Ele se sentiu a pessoa mais feliz do mundo e ao mesmo tempo tenso, porque tinha medo da reação de Eve, afinal ele não havia dado notícias durante esse tempo. Ela sentiu alegria por finalmente ver Adam e raiva por lembrar que ele não falou com ela durante esse tempo todo. Tudo isso aconteceu em um segundo.