sábado, 29 de agosto de 2009

Adam & Eve - Capítulo 4


Alex se apressou em apresentar os amigos:

– Adam, esta é minha namorada Helena e esta é...

– Já nos conhecemos – disseram os três se olhando.

– Sério? Mas como? – Disse Alex confuso.

– Ele estudou na nossa escola no ano passado. Ele é o cara que a Eve nunca te contou – disse Helena ainda olhando pasma para Adam.

– Helena! – Disse Eve com censura na voz.

– Desculpe – disse Helena olhando para a amiga.

Adam não conseguia parar de olhar para Eve, era como se ele tivesse conseguido uma segunda chance. Ele percebeu que ela estava se sentindo constrangida e parou de olhá-la. Disse uma coisa para quebrar o silêncio constrangedorque se iniciou:

– O que vocês acham de irmos tomar sorvete?

– É uma ótima ideia. Vamos? – Disse Alex olhando para as meninas.

– Vamos – responderam elas sem opção.

Eles foram andando até a sorveteria. No caminho, enquanto Alex conversava com Adam, Helena tentava convencer Eve a conversar com Adam, mas ela estava com muita raiva para fazer isso. Quando chegaram lá Alex e Helena perguntaram quais os sabores que Adam e Eve queriam e pediram para eles escolherem uma mesa enquanto eles pegavam os sorvetes.

Adam e Eve sentaram um de frente para o outro. Ficaram em silêncio, Eve evitava olhar Adam, ela não queria que o silêncio ficasse mais constrangedor do que já estava. Adam não sabia o que dizer, ele queria dizer que a amava também, mas sabia que ela estava com raiva por ele ter desaparecido. Então, tomou coragem e começou a falar:

– Eve, eu... sei que desapareci da sua vida por esses meses logo quando estávamos ficando amigos, mas eu tenho uma explicação para tudo isso.

Ela olhou para ele como quem dissesse “continue”.

– Primeiro, eu fui ao baile com Stacy como você sugeriu. Entrei para a faculdade e fiquei um pouco ocupado. Depois das férias de verão eu terminei com Stacy. Claro que ela não aceitou bem, ela me procura até hoje, mas apesar de ela não ter aceitado, para mim acabou tudo. Porque eu percebi uma coisa que eu gostaria que você soubesse – ele fez uma pausa e pegou uma das mãos dela que estavam sobre a mesa. – Eve, eu...

– Aqui estão. O seu Eve, de chocolate com baunilha, e o seu Adam, de limão. – Disse Alex com os sorvetes nas mãos.

Helena se sentou ao lado de Eve e Alex ao lado de Adam.

– Então, sobre o que vocês estavam conversando? – Perguntou Helena.

– Adam estava me contando como foram os últimos meses dele. – Disse Eve olhando para Adam como se esperasse uma afirmação, com os olhos finos.

– Vocês já falaram sobre as aulas de piano? – Perguntou Alex.

– Não, não lembramos disso. – Disse Adam percebendo que o assunto anterior havia morrido.

– Qual o melhor dia para você? – Perguntou Eve a Adam, como se não estivesse com raiva.

– Ah... sábado, pode ser? – Disse Adam um pouco atrapalhado.

– Para mim está ótimo, contanto que não passe das 18 horas. – Disse Eve antes de comer o biscoitinho que estava no sorvete.

– Então, sábado às 15 horas? – Perguntou Adam.

– Combinado. – Respondeu Ela.

Helena estava assustada com a reação de Eve, ela não estava escondendo a raiva muito bem, talvez de propósito. Ela temia que a amiga explodisse a qualquer momento. Eles terminaram os sorvetes sem trocar uma palavra, exceto as trocas de carinhos entre Helena e Alex.

Quando se despediram, Alex levou Helena para casa e Adam se ofereceu para ir junto com Eve. Ela aceitou, não havia como recusar, a casa dele ficava a caminho da dela. Ela não quis falar nada no caminho, ainda tinha um pouco de raiva, mesmo depois de ele ter explicado. Adam queria exterminar a raiva de Eve, então ele tentou quebrar o gelo:

– Você não quer que eu te acompanhe até a sua casa? Não tem problema, eu volto algumas quadras depois.

– Não, é melhor não. É melhor não correr o risco do meu padrasto saber que estou andando com algum cara. – Disse Eve gentilmente, com uma tristeza na voz.

– Por quê? – Perguntou ele.

– Porque ele não quer que aconteça comigo o mesmo que aconteceu com a minha mãe. É uma longa história, fica para outro dia – disse ela com a cabeça baixa.

– Então, não esqueça: sábado às 15 horas.

– Está bem, tchau – disse Eve com um sorriso.

– Tchau.

Eles já haviam chegado à porta da casa de Adam. Ela foi andando. Assim que chegou em casa Eve foi logo fazer o jantar. Comeu mesmo sem Joseph ter chegado ainda. Depois que terminou de lavar a louça Joseph chegou e perguntou:

– Por que não me esperou?

– Porque eu estava com fome, não comi a tarde inteira – mentiu Eve.

– Ah, tudo bem. – Respondeu ele feliz, certo de que Eve havia ficado a tarde inteira em casa depois da escola.

Depois de secar as mãos, ela subiu e foi escrever no diário. Ela escreveu detalhadamente o que aconteceu. Deu ênfase na parte em que dizia o quão difícil era evitar olhar os lindos olhos azuis de Adam. Quando chegou na parte em que diria a raiva que sentia, ela pensou um pouco e escreveu que apesar de ter ainda um pouco de raiva, ela entendia o lado de Adam, escreveu que ele deve ter ficado ocupado com a faculdade e com a Stacy pegando no pé dele e escreveu sobre o final da conversa deles:

(...) Eu lembro que ele não terminou uma frase, Alex e Helena haviam chegado com os sorvetes, mas não deve ser nada importante, se não ele teria falado na volta para casa.

Quando terminou de escrever, ela fechou o diário e desceu. Abriu a geladeira e pegou uma maçã. Subiu e pegou as coisas da escola para ver se havia algum trabalho para fazer enquanto comia a maçã.

Enquanto isso, Adam estava guardando os livros na mochila e pensou em Eve. Estava se culpando por não ser rápido o bastante para contá-la que a amava. Depois de um tempo se lembrou das aulas de piano. Ficou decidido a falar isso quando ela viesse a sua casa no sábado. Ele ainda tinha a esperança de que ela não tivesse desistido dele.

No dia seguinte, Eve não queria falar com Helena por ela praticamente ter obrigado a amiga a conversar com Adam. Mas Helena percebeu isso e tentou conversar com ela na hora do almoço. Eve estava sentada sozinha numa mesa no meio do refeitório e Helena chamou Alex para se sentarem lá com ela. Ela tentou conversar:

– Eve não fica assim. Você sabia que uma hora ou outra isso aconteceria. Vocês tinham que conversar de qualquer maneira.

– Mas você sabia que eu não queria. Sabia que eu estava com raiva.

– Eu sei, mas por isso mesmo vocês precisavam falar a sós. Eu espero que essa conversa tenha servido para alguma coisa.

– Serviu. Ele explicou o que aconteceu no tempo em que não nos vimos e eu estou com menos raiva dele. – Disse Eve tentando esconder a felicidade.

– Que bom! – Disse Helena sorrindo.

– Então, ele só explicou o que aconteceram nos últimos meses? – Perguntou Alex.

– Sim, por quê? – Disse Eve.

– Nada não.

– Então, você escreveu alguma coisa nova no diário? – Perguntou Helena com um olhar meigo.

– Escrevi. Eu sabia que isso iria acontecer. Aqui está. – Disse Eve sorrindo e dando o diário para Helena. – Bom, já que nós já fizemos as pazes, eu vou ao banheiro tentar tirar esse molho que caiu na minha blusa.

Helena se assegurou de que Eve já havia saído do refeitório para perguntar a Alex:

– A mim você não engana. O que mais você sabe?

– Do que você está falando, amor? – Disse Alex fingindo não saber sobre o que estavam falando.

– Alex, eu percebi perfeitamente que Adam te disse alguma coisa que não disse à Eve. Então, conta o que foi.

– Está bem, mas você tem que jurar que não vai contar a ela, porque se ele não contou talvez ela não deva saber.

– Conta logo.

– Lembra que eu disse que o Adam também está apaixonado por uma pessoa que ele não conseguia falar?

– Lembro.

– Então, é a Eve.

– Sério? – Disse ela boquiaberta. – Mas nós temos que contar a ela! Se os dois se amam eles tem que ficar juntos.

– Helena, se ele não contou deve haver algum motivo. Por isso nós não podemos contar a ela, entenda.

– Está bem. Mas você tem que falar com Adam para ele falar logo com ela.

– Ok, mas enquanto isso finja que não sabe.

– Ok.

Eve conseguiu tirar molho da blusa, em compensação ela ficou um pouco molhada. Ela voltou ao refeitório e conseguiu terminar o almoço antes que o sinal tocasse. Helena não tocou no assunto que havia conversado com Alex.

O fim de semana chegou e Eve acordou cedo, logo após Joseph sair para o trabalho. Ela aproveitou para limpar a casa logo já que a tarde teria aula de piano. Depois de limpar a casa, tomou banho e fez o almoço não estava com fome, mas não queria sair de casa sem comer. Quando terminou de comer, lavou a louça e subiu para escrever no diário:

Não consigo acreditar que hoje vou ter aula de piano com Adam. No início da semana eu estava morrendo de raiva por ele não ter dado notícias e agora eu estou tão ansiosa por vê-lo. Claro que ainda tenho um pouco de raiva pelo que ele fez, mas depois do que ele disse, eu acho que entendo. Essas coisas de faculdade devem tomar mesmo o tempo das pessoas e também não somos namorados, ele não tem que me dar satisfações. Como eu sou ciumenta (risos), eu apenas gosto do cara e sinto como se ele fosse minha propriedade. Eu sou mesmo uma piada, quando Helena ler isso ela provavelmente vai rir.

Enfim, estou me preparando para ir a casa dele, queria alguma ajuda para escolher a roupa, mas infelizmente diários ainda não falam, nem espelhos. Vou ter de escolher sozinha...

Escolhi a regata preta, a jaqueta e uma calça jeans. É, eu sei que é simples, mas a minha criatividade não está boa hoje. Está quase na hora, vou me vestir.

Ela se vestiu e usou o perfume de frutas vermelhas que havia ganhado de aniversário de Helena. Desceu, trancou a porta e foi andando até a casa de Adam, não era muito longe. Quando tocou a campainha quem atendeu foi Adam. Ela achou estranho, mas sorriu. Ele pediu que ela entrasse, ela o fez e perguntou:

– Seus pais não estão em casa?

– Não, é o aniversário de casamento deles. Eles sairam para comemorar. – Disse Adam acompanhando ela até a sala onde estava o piano.

– Ah, me desculpe. Talvez você pudesse ter ido com eles – disse Eve ficando vermelha.

– Não precisa se desculpar. É coisa de casal, eles fazem isso todo ano e eu aproveito para ter um momento só para mim. – Explicou ele. Ela ficou curiosa em saber o que ele fazia nesse momento sozinho, mas não perguntou, não quis ser inconveniente.

Eles haviam chegado a sala. Eve já tinha estado lá uma vez, mas não havia reparado que a sala era tão bonita. As cortinas nas janelas eram lindas, estavam em perfeita harmonia com o sofá. Acima da lareira havia um relógio em algarismos romanos e um lindo retrato de família. Ela reparou que na mesinha de centro havia um vaso com rosas vermelhas. Contemplou as rosas por alguns segundos e foi interrompida por Adam:

– Meu pai as comprou para minha mãe hoje cedo. Ela quis logo colocar na água para não murcharem – disse ele.

– São lindas – disse ela sorrindo para Adam. Ele sorriu também.

Eles ficaram se olhando durante alguns segundos e Eve se sentiu um pouco constrangida e abaixou a cabeça. Adam percebeu a reação dela e disse:

– Você... não quer tirar a jaqueta? Não está frio aqui dentro.

– Ah, é verdade. Não percebi. – Disse ela um pouco vermelha, tirando a jaqueta e dando para ele.

Adam colocou a jaqueta no braço do sofá e sentiu o cheiro do perfume de Eve. Ele quase se descontrolou nessa hora, mas conseguiu se conter e disse gaguejando:

– O piano. Nós...

– Ah, sim. – Disse ela sentando se rapidamente em frente ao piano.

– Bem, você... gostaria de ouvir alguma música antes de começarmos? – Disse ele gentilmente, se sentando ao lado dela.

– Você conhece uma música chamada River Flows in You? Eu não lembro o nome do...

– Essa música é linda – disse ele interrompendo ela sem querer.

Os dois se olharam e sorriram, então ele começou a tocar. Eve se sentiu nas nuvens ao ouvi-lo tocar a música que ela mais gostava. Ela sentiu que qualquer coisa poderia acontecer depois disso, sentiu que poderia até morrer depois, porque morreria feliz. Eve olhava das mãos para os olhos de Adam. Podia sentir a felicidade pulsando junto com o seu sangue. De repente Adam para de tocar.

– O que foi? – Perguntou ela preocupada.

– Eve... eu... preciso te dizer uma coisa. – Disse ele olhando do piano para os olhos dela. Ele sentia que não podia mais segurar a verdade.

– Diga – disse ela mais curiosa do que preocupada.

– Eu... – ele se aproximou mais dela – amo... – chegou mais perto de sua boca, fechando os olhos, e a beijou.

Começou lentamente e foi se tornando mais intenso. Ele colocou a mão atrás do pescoço dela e se aproximou mais, ela fez o mesmo. O beijo era tão intenso que quase não conseguiam respirar, até que foram interrompidos subitamente por um grito:

– Adam! – Gritou Stacy.

3 comentários:

  1. aah, agora tô mega ansiosa pro capitulo 5!!
    Cindy, você escreve muito bem!!Parabéns!

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  2. Obrigada! Fico muito feliz de ler isso
    :D

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  3. Copiei os capitulos e vou ler com calma.
    Depois digo o que achei
    Beijos
    Aldeci

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