segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Adam & Eve - Capítulo 5


Adam e Eve se assustaram e se viraram rapidamente para Stacy que disse:

É com essa aí que você está me traindo?

– Adam, acho melhor eu ir – disse Eve se sentindo culpada. – Desculpe.

– Eve, espera.

Ela não ouviu, pegou a jaqueta e foi correndo para casa. Adam ficou furioso com Stacy.

– O que você veio fazer aqui? – Perguntou ele.

– Eu é que pergunto, o que ela estava fazendo aqui beijando o meu namorado? – Disse ela.

– Eu já disse Stacy, acabou!

– Não acabou, o namoro só termina quando eu quero!

– Deixa de ser mimada! Você não faz mais parte da minha vida!

– Você está me trocando por aquela idiota?

– Não fale dela assim, eu a amo.

– O que você viu nela? O que ela tem de mais?

– Muitas coisas, mas eu não quero discutir isso com você. Vá embora. – Disse Adam com a expressão mais séria do mundo.

– Daqui eu não saio! – Disse Stacy se aproximando dele.

– Você sai ou eu chamo a polícia e denuncio você por invasão de domicílio – ele disse ainda sério.

Ela abriu a boca pra dizer alguma coisa, mas se calou antes mesmo de começar a falar. Em seguida disse:

– Eu vou, mas não vai ficar assim. Eu vou acabar com isso tudo! – Disse ela com ódio nos olhos e saiu em direção a porta.

Ao ouvir o barulho da porta se fechando, Adam suspirou e caiu sentado no sofá. Ele não conseguia acreditar que Stacy estragou um dos melhores momentos da vida dele. Mas ele começou a pensar no que aconteceu antes, ele conseguiu beijar Eve, logo ela sabia que ele gostava dela. Ele pensou em passar na escola dela na segunda-feira para conversar. Depois ficou pensando no beijo dela e no perfume.

Quando Eve chegou em casa foi direto para o quarto, só então conseguiu pensar em alguma coisa. Fechou a porta do quarto e se sentou de costas para ela. Primeiro ficou tão feliz ao ponto de sorrir de olhos fechados, curtiu o momento, pôs as mão no peito e sentiu o coração bater rapidamente. Depois se lembrou de Stacy, tirou os sapatos, jogou-os contra a parede em frente e fez uma cara feia. Andou um pouco pelo quarto, tirou a jaqueta, se jogou na cama e abriu os braços, sorrindo. Em seguida agarrou o travesseiro e repetiu várias vezes “ele me beijou”.

Lembrou-se de escrever no diário, levantou, pegou ele e uma caneta e começou a escrever:

Acabei de chegar da aula de piano, na verdade eu não tive aula de piano hoje. Calma, eu vou dizer o que aconteceu. Foi assim (...)

Ela escreveu detalhadamente o que aconteceu desde que se vestiu. Quando estava escrevendo sobre o quão linda era a sala em que estavam, se prendeu a detalhar o momento em que viu as flores:

Fiquei mais impressionada quando vi um jarro de rosas vermelhas. Adam me contou que foi o pai dele que as dera a sua mãe. Aquelas flores deixaram o clima romântico, mesmo que não fossem para mim. Ele perguntou se eu queria tirar a jaqueta já que não estava frio lá dentro, eu tirei e acho que ele percebeu que o clima esquentou um pouco e decidiu começar logo a aula (...)

Descreveu também exatamente o que sentiu quando Adam tocou a música que ela pediu:

Surpreendi-me de novo quando ele disse que era linda, ele a conhecia. Quando ele começou a tocar (oh meu Deus) eu quase morri de tanta felicidade. Ouvir a música que eu mais gosto sendo tocada para mim pelo homem que eu amo, foi o momento mais feliz da minha vida! (...)

E continuou escrevendo até a última coisa que lhe aconteceu até sair correndo da casa de Adam. Ao terminar de escrever, ela olhou para o relógio e se assustou ao ver que já estava quase na hora de fazer o jantar. Desceu correndo e foi fazer-lo, fez a primeira coisa que viu quando abriu a geladeira. Depois subiu para trocar de roupa antes que Joseph chegasse.

O domingo não teve nenhuma novidade, Eve ficou o dia inteiro arrumando o quarto e ouvindo música. Adam não parava de pensar nela, decidiu faltar a faculdade para vê-la na escola no dia seguinte.

Na segunda-feira Eve foi para a escola muito feliz. Helena percebeu isso e resolveu perguntar no intervalo:

– Conta, o que aconteceu no fim de semana? Uma simples aula de piano não deixaria você assim tão radiante. – Disse ela com um sorriso malicioso.

– Se eu disser você não vai acreditar, mas ele me beijou. – Disse Eve sorrindo.

– O quê? Como assim? Conte-me isso direito!

– Olha, lê desde o começo que você vai entender. – Eve deu o diário a Helena.

Ela demorou um pouco, Eve havia escrito muito naquele sábado, mas assim que terminou ela disse:

– Ai... meu... Deus! Ele beijou você mesmo?

Eve balançou a cabeça em afirmação, Helena abriu um sorriso de orelha a orelha e deu-lhe um abraço.

– Parabéns! Estou tão feliz por você! E vocês já estão namorando?

– Não exatamente – disse Eve olhando para baixo. – Bem, ele não pediu... mas eu vou falar com ele sobre isso no próximo sábado.

– Próximo sábado? Eve, ele te beijou e não foi um beijo simples, foi um beijão, pelo o que está escrito aqui – disse Helena apontando para o diário. – Você tem de falar com ele hoje.

– Mas hoje? Eu nem sei se ele já vai ter voltado da faculdade quando eu chegar na casa dele. Ele pode está ocupado. – Ela tinha medo de ser inconveniente.

– Se ele te beijou é porque quer ter alguma coisa com você, acho melhor você não perder tempo. – Helena era uma ótima conselheira, mas Eve sempre tinha medo de fazer alguma coisa quando estava relacionada a Adam.

– Está bem, até a hora da saída eu resolvo o que vou fazer.

– Oi meninas. Novidades do fim de semana? – Alex havia chegado e deu um beijo em Helena após terminar a frase.

– Eve estava me contando o que aconteceu na aula de piano. – Disse Helena.

– Ah, e como foi? – Perguntou ele.

Helena contou a Alex detalhe por detalhe, com a ajuda de Eve. Ele ficou feliz em saber que Adam já havia demonstrado que gostava de Eve. O sinal tocou logo após eles terminarem de falar sobre o fim de semana.

Na hora da saída, antes do sinal tocar, Adam já estava ao lado de uma das macieiras da escola esperando Eve sair. Ele viu ela, Helena e Alex saírem juntos da escola e ficarem parados conversando em frente a porta. Eles conversaram durante alguns minutos, enquanto isso os outros alunos iam embora e o gramado ficava vazio. Quando Eve olhou para a macieira viu Adam de azul e com o cabelo parecendo despenteado como sempre. Ele percebeu que os amigos haviam o visto, acenou e os três vieram até ele.

– Oi. – Disseram os quatro ao mesmo tempo.

– Você não devia estar na faculdade? – Perguntou Eve preocupada.

– Eu resolvi faltar, precisava falar com você. – Respondeu ele.

– Bom, nós precisamos ir, não é Alex? – Disse Helena dando uma cotovelada no namorado.

– É, verdade. Nós nos falamos depois. Tchau Adam, tchau Eve.

– Tchau Adam, tchau amiga. – Disse Helena dando um beijo no rosto de Eve.

– Tchau – responderam Adam e Eve acenando.

Passaram alguns segundos enquanto eles observavam Alex e Helena irem embora até Adam falar:

– Por que você foi embora no sábado?

– Achei que você e Stacy precisavam ficar a sós para discutir.

– Ela não quer aceitar o fim do relacionamento, mas eu não vou ceder... – disse ele olhando para frente. Fez uma pausa, depois falou – que bom que foi por isso, pensei que você não tivesse gostado do beijo. – Ele sorriu maliciosamente.

Ela sorriu, umedeceu os lábios e disse:

– Eu gostei, foi inesperado, mas eu gostei.

– Então, você aceita?

– O que?

– Ser minha namorada?

Ao ouvir essas palavras Eve congelou, mas não foi por felicidade. Assim que Adam terminou a frase ela automaticamente pensou no que nunca imaginou em nenhum dia após aquele beijo. Ela estava tão feliz que se esqueceu da realidade, não podia ficar com ele, não sabia até que ponto Joseph iria se descobrisse, então começou a falar vagarosamente:

– Eu não sei, queria poder dizer sim, mas é complicado.

– Por que seria complicado dizer uma resposta tão simples? – Disse Adam observando o cabelo dela balançar com o vento.

– É uma longa história. Aconteceram umas coisas com a minha mãe no passado e, por essas coisas, meu padrasto não quer que eu tenha nenhum namorado. – Ela fez uma pausa, Adam não disse nada enquanto isso, apenas a olhou com uma expressão triste. Então Eve voltou a falar. – Tudo que eu mais queria era ouvir você dizer isso a mim, mas eu não posso aceitar, não quero fazer você entrar nesse jogo de esconde-esconde que é a minha vida. – Eve olhava para baixo, estava quase chorando.

Ele acariciou o rosto dela. Ela fechou os olhos com força, segurou o braço dele e vagarosamente tirou a mão dele de seu rosto.

– Por favor não falte mais a faculdade por minha causa... Eu sinto em dizer, mas não podemos ficar juntos. – Eve disse ainda olhando para baixo com uma expressão cada vez mais triste.

Ela começou a andar em direção a sua casa. Após poucos passos as lágrimas escorriam pelo seu rosto. Adam observou tristemente Eve ir para casa, ele não conseguia acreditar que houvessem tantos impedimentos na sua vida, mas não pretendia desistir.

Ao chegar em casa Eve subiu a escada correndo, queria afundar nos travesseiros até que sua vida mudasse e pudesse ficar com Adam. Largou a mochila no chão do quarto, se jogou na cama e pressionou o travesseiro contra seu rosto, numa tentativa desesperada de que as lágrimas cessassem. Quando percebeu que não conseguia respirar se sentou na cama com o tavesseiro no colo, mas as lágrimas continuavam a escorrer. Começou a pensar no quanto a felicidade pelo beijo havia lhe cegado. Se Joseph descobrisse o que faria a ela? Ou pior, o que faria a Adam? Não queria que nada acontecesse a ele por sua causa. Por isso, por mais que doesse, ela não podia ficar com Adam, mesmo sabendo que ele a ama também.

Pegou o diário e começou a escrever o que estava pensando. Quando suas lágrimas secaram seus sentimentos haviam passado de tristeza para raiva. Raiva de Joseph, da vida, de si mesma e do maldito culpado que fosse por ela não poder ficar com Adam. Então escreveu:

Droga de vida. Por que minha mãe era uma prostituta? Por que meu pai não é meu pai? Por que ele não deixa eu viver a minha vida? Por que eu e Adam nos amamos se não podemos ficar juntos? Por quê?!?!

Será que algum dia nós poderemos ser felizes?

Após escrever esta frase Eve se sentiu completamente vazia, como se a dor tivesse acabado com todas as outras emoções. Deitou-se com o rosto virado para o teto e o contemplou durante um longo tempo, não sentia vontade de fazer nada. Percebeu que estava na hora do jantar, desceu e foi fazê-lo. Fez tudo automaticamente, desde cumprimentar Joseph até escovar os dentes antes de dormir.

Nos dois dias seguintes continuou fazendo tudo automaticamente, como um robô. Mal conversou com Helena, apenas explicou o que aconteceu e lhe mostrou o diário. Helena tentou convencer a amiga de que estava errada, mas percebeu que ela estava deprimida demais para entender, então resolveu não voltar a tocar no assunto esta semana. Adam não apareceu nesses dois dias. Eve estava resignada, era melhor assim, seria horrível ter de lutar contra seus sentimentos de novo.

Mas na noite do segundo dia ela teve um sonho: havia acabado de entrar numa igreja, ela era linda por si só, mas estava ainda mais bonita com a decoração floral e com a luz que transpassava os vitrais nas janelas. Era um casamento, ela nunca tinha ido a um, queria assisti-lo, então andou até o primeiro banco no corredor entre os bancos de madeira e os vitrais do lado esquerdo. Ficou em pé ao lado dele olhando os noivos, não dava para ver direito os rostos deles, mas ela continuou a observar. Aparentemente ninguém na igreja havia notado a sua presença, até que alguns segundos depois o noivo olha diretamente para ela e ela não consegue acreditar no que vê. Era Adam, ele a olhava com uma expressão triste. Ela olhou bem para a noiva e percebeu que era Stacy. Eve estava pronta para ir até Adam e dizer que o amava, mas antes que ela desse o primeiro passo o ouviu dizer apenas uma coisa, “Sim”. Não podia acreditar ele havia acabado de se casar com Stacy e ao mesmo tempo que pensou isso deu dois passos e percebeu que havia acabado de cair não chão do seu quarto.

Ela se levantou com a mão no ombro dolorido e sentou-se na cama. Lembrou-se do sonho perfeitamente e começou a pensar:

Ainda bem que foi um sonho. Mas e se fosse verdade? Eu não posso deixar Adam ser infeliz sabendo que ele me ama e eu também não posso deixar minha felicidade ir embora assim. Eu quero ter uma boa convivência com Joseph, mas eu não posso deixar-lo estragar a minha vida! Helena tinha razão. Onde estava o meu amor próprio quando eu disse aquilo a Adam? Isso não é justo para mim, muito menos para ele. Onde eu estava com a cabeça? Eu vou falar com ele depois da escola. Chega de me esconder da felicidade.

Ela olhou para o relógio, faltavam dezessete minutos para ele despertar, ela levantou e foi tomar banho. Quando terminou o café, seu padrasto já havia ido trabalhar, ela pegou a mochila e foi para a escola. Encontrou Helena na primeira aula, contou à amiga sobre o sonho e a decisão que tinha tomado, Helena ficou super feliz. No intervalo, ela escreveu seus pensamentos no diário. Na hora da saída, Alex e Helena estavam dando força a ela quando ela viu Adam andando de um lado para o outro perto da macieira.

Eve sorriu e foi andando até lá. Ela ficou parada de frete para ele, sorrindo com uma felicidade nos olhos que Adam não percebeu por estar concentrado no que diria a ela.

– Oi. – Disse ele um pouco atrapalhado. – Antes que você pergunte, eu não faltei a faculdade, saí mais cedo hoje. – Ele deu um pequeno sorriso. – Eu sei que você não quer ficar comigo por medo que seu padrasto descubra, mas... eu nunca me senti assim em toda minha vida... eu te amo e vc também me ama, então por que lutar contra isso? E...

– Adam, eu não quero mais lutar contra isso, – ela se se aproximou dele – eu quero ficar com você. – Ela deu-lhe um suave beijo.

Adam estava tão feliz que encostou Eve na macieira e tornou o beijo mais intenso. Não estava se importando com o que os outros pensariam se os vissem, queria curtir cada segundo desse momento. Ela teve os mesmos pensamentos que ele.