...como eu já escrevi o professor de química faltou. – era a matéria que ela mais odiava – Pude ficar no ginásio, nesse tempo vago, olhando o Adam (suspiro), jogando basquete na aula de educação física. Ele é tão doce e meigo (uma vez na cantina nós dois pegamos a mesma maçã e ele disse “Desculpe, pode ficar. Ela é sua” e me deu a maçã.), não sei como ele anda com esses amigos estúpidos. Eles só sabem fazer bagunça e brincadeiras de mau gosto. Enfim, são uns idiotas. Mas eu não quero falar deles, quero falar do Adam.
Hoje ele estava de azul igual a mim, essas coincidências acontecem com freqüência. É engraçado, parece que nós temos uma sintonia e... – De repente Eve sente seu diário sendo puxado para cima, o que faz a caneta deslizar e riscar o resto da folha.
– Mas o que é isso? Um diário? – Kevin pergunta a si mesmo.
– Eve Gray tem um diário. – Disse Lewis.
Kevin e Lewis eram os amigos de Adam Williams. Esses dois adoravam fazer brincadeiras com os calouros, quando eram pegos eram punidos pela diretora da escola, mas isso não era freqüente.
– “...pude ficar no ginásio, nesse tempo vago, olhando Adam...”, Adam? – Questionou-se Lewis.
– Ah, ela gosta do Adam. Que romântico, um amor impossível. – Zombou Kevin.
– Ei, rapazes o que estão fazendo? – Adam pergunta. – Estão assustando um dos calouros de novo? Eu não já disse para vocês pararem com isso?
Eve olha assustada para os três rapazes em pé.
– Olha Adam, ela escreveu sobre você. – Diz Kevin.
Adam olha para Eve e nesse mesmo instante, ela pega sua mochila e sai correndo chorando.
Ao chegar em casa Eve sente um alívio como se o seu pior pesadelo tivesse acabado. Mas ele tinha apenas começado. Sentado no sofá estava seu padrasto alcoólatra Joseph. Mas ele nem sempre foi assim:
Flashback:
Joseph era um rapaz bondoso e temente a Deus quando conheceu a mãe de Eve. A mãe de Eve, Justine, era uma ex-prostituta drogada que não valia o chão que pisava e estava grávida. Joseph a conheceu numa clinica de reabilitação na qual ele era voluntário. Ele conversou com ela e inicialmente teve pena da vida que ela tinha levado, mas depois, ao longo dos dias em que eles conversavam, surgiu uma paixão tão grande que Joseph pediu-a em casamento assim que ela saiu da reabilitação.
Eles se casaram e alguns meses depois nasceu Eve, o nome foi sugerido por Joseph. Oito anos depois o amor de Joseph e Justine não era mais o mesmo, eles estavam quase sempre brigando e isso incomodava muito Eve.
Um dia Joseph acordou e Justine não estava em lugar nenhum da casa. Quando Joseph voltou para o quarto encontrou um bilhete de adeus de Justine, dizendo que estava partindo para outro país com outro homem. Joseph caiu em depressão e começou a beber. Ao longo dos anos ele colocou Eve para cuidar da casa mesmo sendo pequena, enquanto ele tentava arranjar um emprego fixo, o que nunca conseguiu. Quase sempre quando Eve voltava da escola ele estava bêbado. Eles acabavam brigando e Joseph batia em Eve, algumas vezes quebrava o braço ou alguma costela da pobre menina.
Ele estava assistindo televisão com uma garrafa na mão e começou a resmungar:
– Você acha que a casa é só sua e que pode chegar a hora que quiser? Ande logo! Não fique aí parada, o jantar não vai ser feito sozinho.
Eve foi para a cozinha fazer o jantar, qualquer coisa era melhor do que ouvir os resmungos de Joseph e ficar parada ali poderia causar mais uma briga.
Ela fez o jantar e pôs na mesa, comeu rápido sem motivo. Depois de terminar de lavar a louça foi até a sala para subir para o seu quarto, mas um papel no braço do sofá chamou sua atenção e foi lê-lo.
– Conseguiu o emprego? – Perguntou a Joseph.
– Sim, por quê? – Disse ele.
– Fico feliz por você. – Respondeu ela.
Joseph deu um sorriso em resposta. Apesar de ser alcoólatra e bruto, Eve ainda sentia que Joseph ainda a amava como uma filha mesmo ele dizendo o contrário quando brigavam.
Eve subiu para o quarto e assim que chegou lá se lembrou do que havia acontecido na escola. Sentou-se na cama e cobriu o rosto com as mãos, como se pudesse se esconder ou desfazer aquela cena horrível. Começou a pensar em mil possibilidades do que poderia ter acontecido depois de ela ter saído correndo:
Será que Adam leu o que eu escrevi? Eles devem estar tirando sarro da minha cara neste exato momento. Eu não vou agüentar saber que Adam sabe dos meus sentimentos mais profundos... – Adam era o amor da vida de Eve, ela sabia disso porque não houve outro sentimento igual na vida dela. Era um sentimento tão forte e doloroso e ao mesmo tempo tão bonito. Eve amava Adam e gostaria que ele retribuísse esse sentimento, mas ela não tinha coragem de se declarar, tinha medo de ser rejeitada e motivo de piada. Ela preferia a dúvida a uma certeza, o que era um erro.
Ao pensar nisso começou a chorar e chorou o resto da noite, até cair no sono.
No seguinte dia ela acordou com dor de cabeça de tanto chorar. Olhou para o relógio e viu que faltava quase meia hora para que este despertasse. Virou-se para o outro lado da cama e pensou nas lembranças do dia anterior, quase começou a chorar de novo. Tinha dúvida se iria para a escola ou ficaria em casa. Não podia faltar a aula, havia uma prova a ser feita e era uma prova importante, além de não ter nenhum motivo para dar a Joseph para faltar à escola. Não tinha jeito, teria de ir de qualquer maneira.
Ela se levantou e foi direto para o banheiro tomar um banho quente que a fizesse esquecer os problemas. Depois disso desceu pôs o café da manhã na mesa e logo viu Joseph descer alegremente.
– Ah! Você já preparou o café? Que bom, mas eu só vou tomar uma xícara – ele havia conseguido o emprego de recepcionista num hospital próximo. – Você pode lavar a louça depois que terminar? Eu vou sair agora.
– Ah, sim, tudo bem. – respondeu Eve.
– Então ta, tchau.
– Tchau.
Enquanto comia, Eve pensava em alguma maneira de pegar seu diário de volta. Pensou em enfrentar Kevin e Lewis, sem medo. Juntar toda a coragem que existia nela e pedir o diário de volta com cara mais séria do mundo.
Depois que comeu, foi lavar a louça. Quando terminou olhou para o seu relógio de pulso. Ainda era cedo, podia ir para a escola andando. Então, pegou a mochila de lona e saiu de casa.
Assim que chegou a escola viu Adam e logo se escondeu atrás de uma árvore. Esperou ele entrar, depois entrou também e foi direto para a sala da profª de Inglês. Sentou na sua carteira e ficou esperando o sinal tocar.
Quando o sinal tocou demorou um pouco para a profª chegar, enquanto isso os alunos ficaram conversando. Assim que ela chegou os alunos pararam de conversar e ela disse:
– Hoje, como eu já havia dito, haverá um teste. Eu espero que vocês tenham estudado, porque esse teste é muito importante para a nota final... – ela fez o sermão que sempre fazia antes de uma prova – ...agora eu quero que vocês peguem apenas o necessário para fazer a prova e ponham em cima da mesa.
Eve fez a prova tranquilamente, Inglês era uma matéria fácil para ela. Depois houveram mais outras aulas até o intervalo. Ela passou o intervalo inteiro evitando Adam, queria encontrar Kevin e Lewis sozinhos. O sinal tocou e Eve teve de voltar para a aula.
Durante a aula de matemática Eve estava pensando em desistir, já que pegar o diário de volta não mudaria o fato de que Adam sabia.
Ela estava devaneando, pensando se Adam gostasse dela do mesmo jeito que ela gostava dele, até ser interrompida por sua amiga Helena.
– Alô? – Helena passou a mão na frente do rosto de Eve, para que ela parasse de olhar fixamente para a janela – Eve, você está me ouvindo?
– Hã? O que? – disse Eve saindo do transe.
– Você ouviu o que o professor disse? Trabalho em dupla. Eu e você?
– Ah, claro! Você é a minha única amiga, com quem mais eu faria? – disse Eve com um sorriso e Helena retribuiu este.
Helena era a única e melhor amiga de Eve, elas sabiam tudo uma da outra e compartilhavam tudo também. Ela tinha estatura média, era bonita, tinha o cabelo preto mais ou menos na altura dos ombros e tinha os olhos verdes. Helena tinha mais amigos do que Eve e também era mais popular do que ela, mas Eve não se importava com o que os outros pensavam ou deixavam de pensar sobre ela. Helena sabia que Eve amava Adam e dava força para que a amiga contasse isso a ele, mas Eve tinha medo. Também sabia tudo que estava escrito no diário dela, a final ela era sua melhor amiga.
– Então, conta o que aconteceu? – perguntou Helena enquanto tirava o livro da mochila.
– Como assim, o que aconteceu?
– Você estava olhando fixamente para a janela, como se estivesse pensando em alguma coisa importante.
– Ah, sim. É que ontem Kevin e Lewis do último ano roubaram meu diário. – contou Eve com uma expressão triste. Helena levou a mão à boca e arregalou os olhos – e o pior de tudo é que Adam chegou e eles contaram que eu escrevi sobre ele no meu diário. Eu saí correndo antes que eles começassem a ler para o Adam o que eu escrevi.
Quando Eve terminou de falar, Helena estava boquiaberta.
– Mas, mas e agora? – perguntou Helena.
– Bem, eu pensei em encontrar com o Kevin e o Lewis e pedir meu diário de volta, com uma expressão séria – respondeu Eve.
– Mas e se o Adam já tiver lido?
– A única coisa que me resta é a esperança de que ele não tenha lido. Mas eu penso, mesmo que ele não tenha lido, Kevin e Lewis devem ter contado a ele o que leram. – disse Eve sem esperança.
– Ei, vocês duas, Walker e Gray, parem de conversar e façam já o trabalho! – Gritou o professor irritado.
– Sim professor. – responderam as meninas abaixando as cabeças para olhar os livros.
Depois que o sinal tocou os aluno deram a folha do trabalho para o professor e ele disse enquanto os alunos saíam:
– Não se esqueçam que a próxima semana é a última do ano letivo, então não faltem, pois será entregue o boletim.
As meninas saíram da sala conversando:
– Eve, tem certeza de que você não quer que eu fique junto de você quando for falar com eles?
– Tenho Helena. Vai ser melhor, vai mostrar que eu estou só e corajosa. Além do mais, eu sei que você tem um compromisso importante com os seus pais agora depois da escola.
– Ah, é, verdade – disse Helena. – Então está bem, boa sorte. Eu tenho que ir, se não vou chegar atrasada. Beijo, tchau.
E Helena saiu correndo. Eve foi andando devagar até chegar à parte externa da escola, procurou por Kevin e Lewis, mas antes de encontrá-los ouviu uma voz bonita e familiar chamar seu nome:
– Ei, Gray? – chamou Adam. – Eve?
Eve fechou os olhos ao ouvir a voz dele e virou-se rapidamente para que ele pudesse falar com ela. Quando ela se virou o viu com seu diário na mão. Agora que estavam perto um do outro, Eve observou Adam melhor: ele era mais bonito de perto, era alto, tinha o cabelo escuro, tinha os olhos azuis e era tão branco quanto ela, mas tinha uma pele de dar inveja. Nesse mesmo instante em que olhou para o rosto dele, ela esqueceu como se respirava.
– Você está bem? – Perguntou Adam.
– Estou – respondeu Eve, lembrando-se de respirar.
– Eu vim devolver isto para você.
– Você leu, não foi? – Disse Eve olhando para baixo.
– Não, não, eu não li. Eu nunca faria isso, mas os meus amigos me contaram que você escreveu sobre mim. Isso é verdade?
– Sim – disse Eve abaixando ainda mais a cabeça.
– E eu posso saber o que foi? – Disse Adam curioso.
– Eu acho melhor... – Eve não sabia o que responder. Se contasse ele ficaria sabendo e ela não sabia qual seria a reação dele, se dissesse “não” ele deduziria o que era. – Eu não sei o que responder.
– Apenas diga a verdade – disse Adam com a voz mais doce do mundo.
– É complicado dizer isso, mas eu não consigo mentir para você. Por favor, você jura que não vai contar para ninguém?
– Juro.
– A verdade é que... eu... amo você – e uma lágrima escorre pelo rosto de Eve e ela inclina a cabeça para baixo.
– Bem, essa situação passou a ser difícil para mim também agora – disse ele com um sorriso sarcástico.
– Eu sabia que isso ia acontecer, eu vou embora – disse Eve virando-se.
– Não, espera! – Disse ele segurando delicadamente o braço dela. – Eu não quero que isso termine assim. Olha eu tenho namorada, é claro que ela é um pouco chata, arrogante e convencida às vezes, – essas palavras fizeram Eve sorrir – mas isso não vem ao caso. Eu ainda gosto dela.
– Eu entendo.
– Podemos ser pelo menos amigos?
– Claro.
– Adam, meu amor, você está aí – disse Stacy, a namorada de Adam. Ela empurrou Eve para o lado para poder beijar Adam. – O que está fazendo aqui? Eu procurei você pela escola inteira.
– Eu estava conversando com a Eve – disse Adam.
– Eve? Ah, oi Eve. Adam, vamos para o shopping, eu preciso comprar aquele sapato que lhe falei. – Stacy tinha o corpo de uma modelo, o cabelo louro e sempre usava sapatos de salto alto na escola. – Tchau Eve.
– Tchau Eve, depois conversamos. – Disse Adam.
– Tchau.
Eve ficou olhando os dois irem embora e por um momento ficou completamente parada, mas depois percebeu que tinha de ir para casa.
adorei o primeiro capitulo, e á li o segundo hoho, outros leitores qe morram de inveja q. Cindy vc escreve tão bem *-*
ResponderExcluirÉ verdade a cindy escreve muito bem,Amiga esta lindo primeiro capitulo..parabéns!
ResponderExcluirCindy, que história bacana e realista, adorei esse primeiro capítulo e vou continuar lendo os próximos que você vai criar...Bjs...Boa sorte!
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